OS JESUÍTAS
- Desde o descobrimento do Brasil uma nova força encheu de
esperanças a
Coroa Portuguesa, para conseguir êxito na colonização
das terras descobertas. Era a força espiritual, representada pelos
padres da Companhia de Jesus (Jesuítas), que apesar de recém-fundada,
tinha conquistado a confiança do Rei Dom João III, que decidiu
dar-lhes auxílio e proteção.
Por isso os padres jesuítas tiveram a honra de iniciar no Brasil um profundo trabalho catequético, com a ajuda da Monarquia Portuguesa. E com muita coragem e disposição dedicaram-se à conversão e evangelização das ferozes e selvagens tribos indígenas que povoavam nossa terra.
Dentre os muitos e audazes Padres que exercitaram heroicamente o ideal cristão em terras brasileiras, mencionamos Padre Manoel da Nóbrega, Padre Navarro, Padre Galvão e Padre José de Anchieta, que fundaram e trabalharam ativamente nos núcleos de colonização, que hoje são notáveis e importantes cidades, como São Paulo, Vitória, São Vicente, Anchieta e muitas outras.
A preocupação inicial era formar o povoado, construindo escolas, ambulatórios, centro de catequese, a fim de facilitar a fixação e o enraizamento do índio e de sua família, inclusive procurando catequiza-los no próprio idioma indígena. Com este procedimento racional, os padres criaram condições favoráveis para que as comunidades crescessem e se ampliassem.
Entre as diversas tribos existentes, algumas eram nômades, não se fixavam por longo tempo em nenhum lugar. Por isso mesmo, mereceram uma atenção mais especial dos Jesuítas, porque não permanecendo nos povoados, ao se deslocarem para outras regiões geralmente levavam algumas pessoas que já residiam na comunidade e causavam com a partida, um certo desânimo naqueles que permaneciam. E foi assim que a perseverança admirável dos missionárias, depois de insistentes tentativas, conseguiram vencer a resistência indígena e vagarosamente foi-se observando um processo de fixação, fazendo com que eles assumissem os deveres, obrigações e regalias no povoado sabiamente orientados pelos prelados. Organizaram um esquema de trabalho permanente, que mantinha os índios sempre ocupados, produzindo para eles mesmos e para a comunidade.
Por outro lado, felizmente aquelas revoluções religiosas que ocorreram na Europa no século XVI e causaram tanto mal, não afetaram e nem influenciaram em nada, a nascente vida religiosa brasileira. O país nasceu sob o signo da Cruz, fiel ao evangelho do SENHOR JESUS e submisso a hierarquia eclesiástica apostólica romana, e assim continua até hoje. Em 1550 foi constituída a Diocese da Bahia e em 1575 fundada a Diocese do Rio de Janeiro. Hoje, o Brasil possuí dezenas de Arquidioceses, centenas de Dioceses, dezenas de Prelazias, diversas Eparquias e mais de 10.000 Paróquias espalhadas por todo o território nacional.
OS BANDEIRANTES
- No alvorecer
do século XVIII, os povoados já apresentavam um notável crescimento
e o comércio era intenso pela multiplicidade de transações,
movimentando e estimulando os habitantes que buscavam a conquista
e consolidação de uma boa condição financeira. Foi quando
também surgiu a "febre
do ouro" , uma procura nervosa e obstinada do
precioso metal, alimentando a idéia e o sonho em muita
gente que queriam enriquecer de qualquer maneira.
A procura sistemática e corajosa, começou com os bandeirantes que partiam de Taubaté, SP, em demanda ao interior agreste, detendo-se em muitos lugares, onde imaginavam encontrar o ouro. Andavam pelos montes verdes e rochosos, varando torrentes, escalando tombadouros, passando por divisores de água e alcançando vales imensos, nos quais renascia sempre uma esperança de êxito, de concretizar o objetivo de suas incursões, satisfazendo a ambição e a audácia.
O ciclo das esmeraldas tinha encerrado com a morte do destemido bandeirante Fernão Dias. Agora era a vez dos bandeirantes José Gomes de Oliveira e seu ajudante Vicente Lopes, que saíram do Rio Paraíba, próximo a Taubaté e foram até as nascentes do Rio Doce em Minas Gerais, à procura de ouro. Depois veio Antônio Rodrigues Arzão, que seguindo o mesmo caminho, encontrou areias auríferas no Rio Casca. Depois vieram Salvador Fernando Furtado, Carlos Pedroso da Silveira, Bartolomeu Bueno, Tomás Lopes de Camargo, Francisco Bueno da Silva e muitos outros, que atingiram o cerro Tripui, criaram o primeiro povoado de Ouro Preto e descobriram também numerosas jazidas em Mariana e no Rio das Mortes.
AS MINAS DE OURO
- As notícias
se espalharam ligeiras, afinal era uma surpresa agradável e
prometedora que excitou as pessoas e enervou todas as
regiões do Brasil Colonial. Para as minas acorreram
gente de todas as classes, cores e níveis sociais,
ansiosos e cheios de esperança, vislumbrando a possibilidade de
ganharem muito dinheiro. As jazidas foram literalmente invadidas
por homens, mulheres, crianças e idosos, que largaram empregos e
propriedades, para se aventurarem na extração do ouro.
Mas no meio de
tanta gente, de pensamentos e instruções tão heterogêneos,
começou a acorrer o inevitável representado por mal-entendidos,
discussões, provocações, as pequenas brigas e os primeiros
conflitos sérios entre os mineiros antigos e os novos
mineradores. O ambiente degenerou de tal modo, que culminou com
brigas violentas e muitas mortes, na longa e primitiva guerra
dos "Emboabas".
A partir desta época, as dificuldades aumentaram para a maioria daqueles que demandavam às minas, porque eram assaltados e roubados, perdiam as suas economias e a condição mínima para poderem viver, por isso se sujeitavam as exigências dos "aliciadores" de mão de obra, que impunham um trabalho escravo com um máximo de empenho em troca de um salário reduzido. Também os negros trazidos da África como escravos, nos famosos e detestáveis navios negreiros, chegaram ao Brasil a partir do inicio do século XVI e mais precisamente, desde o ano 1540. Eram levados para as minas onde trabalhavam sem cessar, para satisfazer a gula insaciável de enriquecimento de seus patrões. Suportavam uma cruel tirania em benefício de poucas pessoas que comandavam o esquema da extração mineral.
COROA PORTUGUESA
- O Rei de
Portugal tentou por diversas formas acabar com as brigas e criar
normas para a exploração do ouro, objetivando proteger as
classes menos favorecidas e garantir também a cobrança de seu
imposto, que era de 1/5 sobre o total extraído, ou seja, 20% da
produção global de ouro. Com este objetivo determinou que o
metal fosse fundido em barras com o carimbo do Império, para
serem autorizadas a sua comercialização.
Todavia, diversos fazendeiros, principalmente no interior de Minas Gerais, montaram instalações e instruíram um pessoal a fim de fazer a própria extração e o beneficiamento do metal, fugindo do pagamento do Imposto de 20% (vinte por cento) exigido pelo Rei de Portugal. Dessa forma, eles preparavam nas suas fundições as barras de ouro e aplicavam um carimbo do Império falsificado com tanta perfeição, que ninguém percebia e assim, comercializavam o ouro sem qualquer dificuldade.
CAPITANIA DE SÃO
VICENTE - Como o quadrilátero
aurífero de Minas Gerais pertencia a Capitania do Rio de Janeiro que
territorialmente abrangia o atual Estado do Rio de Janeiro, Estado de Minas
Gerais e Estado de São Paulo, por carta régia de 9 de Novembro de 1709,
o Rei de Portugal desmembrou a Capitania em duas, mantendo a Capitania
do Rio de Janeiro onde está o atual Estado do Rio de Janeiro, e a
Capitania de São Vicente que abrangia os Estados de São Paulo e
Minas Gerais. Os portugueses esperavam que com esta divisão,
pudessem manter um maior controle sobre as minas e acabar de
modo efetivo com as guerras e roubos, a fim de que o povo:
escravos, brancos e índios, não fossem completamente explorados
pela ganância irresistível de uma pequena classe privilegiada.
Artur de Sá foi o primeiro Governador da Capitania recém fundada de São Vicente e logo, implantou com certo sucesso uma organização na exploração do ouro, além de um severo policiamento para manter a disciplina e a ordem no garimpo. Mas na realidade, a paz permaneceu por pouco tempo. A cobiça era muito grande e em consequência, oferecia uma perigosa margem para tramas diabólicas. Não havia fraternidade e nem piedade, uns poucos ganhavam fortunas, enquanto a maioria que realmente trabalhava, estava subjugada e escravizada. Para estes, a única solução possível, a fim de neutralizar o peso da escravidão e aliviar os seus sofrimentos, era voltar-se para DEUS, com súplicas fervorosas, acompanhadas de muitas lágrimas e muita fé, pedindo ao CRIADOR que lhes concedessem misericórdia e justiça.